segunda-feira, 30 de julho de 2012

Um pouco sobre o uso dos artigos - parte 1


Vamos enumerar e esclarecer algumas situações onde os artigos devem (ou não devem), podem (ou não podem) ser utilizados:

- Mudança de sentido
Exemplo:

"Foi visto saindo do edifício da prefeitura."
"Foi visto saindo de edifício da prefeitura."

No primeiro caso a prefeitura tem apenas UM edifício. No segundo, existe pelo menos mais um prédio pertencente à prefeitura em questão.

- Nomes de pessoas - trata-se de caso facultativo, mas é melhor não utilizar o artigo pois a presença do artigo definido na frente do nome de pessoas dá sinal de intimidade.
Exemplos:
"O primeiro violão de Paulinho da Viola vai ser exibido na exposição" > mais indicado.
"O primeiro violão do Paulinho da Viola vai ser exibido na exposição"

- Nomes de cidades - são poucos os que exigem artigo, exemplos: o Rio de Janeiro, o Porto, o Havre, o Cairo. Quando o nome da cidade é caracterizado por alguma expressão, o artigo se torna obrigatório.
Exemplos:
"O juiz veio da pequena e pacata cidade de Tiradentes."
"Os artistas sentiram-se melhor ao chegar à cidade que nunca dorme: Nova York."

- Nomes de estados brasileiros
Os que não admitem artigo são: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Com Alagoas e Minas gerais o artigo é optativo , mas o melhor é usar sem.
Os demais estados pedem o artigo.

- Nomes de países
Em geral, pedem o artigo: o Peru, o Brasil, a Itália, a Argentina, o Chile, a Venezuela, o Uruguai, a Bolívia, o Paraguai, a Espanha, o Gabão, a Alemanha, etc.
Mas não são poucos os que rejeitam o artigo: Cuba, Marrocos, Israel, Angola, Moçambique, Andorra, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Portugal, São Marino, etc.

Retirado de "O Português do Dia a Dia", do professor Sergio Nogueira.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Aposto, Vocativo e pontuação



A vírgula é um elemento sintático e portanto é um elemento que está diretamente associado ao papel que um termo tem na estrutura da frase. Observe abaixo:

"Luiza, nossa tia, esteve em Paris no mês passado.
Luiza, nossa tia esteve em Paris no mês passado
".

Na primeira, a expressão entre vírgulas, "nossa tia", explica que Luiza é a tia de quem fala. Ou seja, é um aposto.

Na segunda, a única vírgula depois do termo "Luiza", separa o vocativo ("Luiza", a pessoa com quem se fala), do restante da frase e explica que sua tia (a qual não se sabe o nome), esteve em Paris.
  • APOSTO é o termo que explica, amplia, desenvolve ou resume o conteúdo de outro termo.
  • VOCATIVO nomeia o interlocutor com quem se fala. É um termo independente, não fazendo parte nem do sujeito, nem do predicado. Pode ser representado por substantivos, pronomes e numerais substantivos, ou ainda por palavras substantivadas.
Exemplos de Aposto:
"Júnior, seu fiel amigo, esteve doente."
"O time visitante, de camisa amarela, não sabe onde ficam os vestiários."
"A casa pintada de vermelha, à direita do edifício, vai ser vendida".

Exemplos de Vocativo:
"Meu querido, como você está?."
"Lucas, marche de acordo com o passo do batalhão!."
"Maria, traga sempre seu material consigo."

Nota Importante: também existem apostos SEM o uso da vírgula. Serão assunto de um post futuro.

Extraído de "Ao Pé da Letra" de Pasquale Cipro Neto

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Etc. e tal



A partícula "Etc.", que abrevia a expressão "Et Cetera" de origem no latim "Et Coetera", significa "e as demais coisas". No latim da idade média era utilizado como fórmula para determinados atos jurídicos. Em português, usa-se para evitar uma enumeração longa. Ainda que, a rigor, devesse se ater a coisas, estendeu-se também a pessoas.

Ela deve ser utilizada com alguns cuidados. Veja só:
- É de lei precedê-la de sinal de pontuação, o mesmo que separa os conjuntos que estiverem sendo enumerados, seja vírgula, ponto e vírgula ou ponto.
Exemplo - "Estudou até à noite sempre mastigando, balas, chicletes, chocolates, biscoitos, etc."

- O ponto de abreviatura substitui o ponto final;
Exemplo - "Pensava sempre em viajar pela Europa: Paris. Londres. Roma. Madri. Berlim. Etc."

- Em alguns periódicos e por orientação de algumas editoras, ocorre a eliminação da vírgula, ainda que contrarie a legislação em vigor.

Extraído de "Por Dentro das Palavras da Nossa Língua Portuguesa" do Professor Domício Proença Filho.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Você sabia?


Além de ser uma das línguas mais ricas do mundo tanto em termos de volume de verbetes quanto de variações, a língua portuguesa têm muitas curiosidades que valem a pena serem conhecidas. Destacamos algumas delas neste post para que você se distraia:


  • Quem nasce em Santa Catarina é chamado de "barriga verde" pois têm o hábito de beber erva-mate. Porém, para alguns historiadores, o nome vem do colete verde usado pelos soldados de um batalhão de fuzileiros catarinenses, criado pelo Brigadeiro Silva Pais no século XIX.

  • Quem nasce em Salvador é chamado de "soteropolitano" e pasme: a palavra tem origem grega! Nessa língua, "soter" significa "protetor" ou "salvador", e "polis" quer dizer "cidade".

  • Já quem nasce no Espírito Santo é chamado de "Capixaba" por influência da língua Tupi, na qual "kapixaba" significa "terra de plantação". Havia na região muitas roças que abasteciam de alimento as tribos indígenas locais.

  • Existem palavras que só devem ser empregadas no plural, como por exemplo "os óculos, as núpcias, as olheiras, os parabéns, os pêsames, as primícias, os víveres, os afazeres, os anais, os arredores, os escombros, as fezes, as hemorroidas", entre outras.

  • A cedilha nasceu na Espanha, embora não seja mais empregada na grafia da língua espanhola. A origem da palavra vem de "cedilla", diminutivo de "ceda", nome da letra "Z" nesse idioma. Primitivamente, a cedilha era um pequeno "Z" que se colocava debaixo do "C" para indicar que a letra correspondia ao som de "S".

  • O plural de do verbete "caráter" é "caracteres". Então, Luis pode ser um "bom-caráter", mas os dois irmãos dele são dois "maus-caracteres".

  • Segundo Ieda Alves, professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da USP, o número de vocábulos que realmente existem na língua portuguesa é de cerca de 600 mil palavras, levando em consideração as palavras técnicas e científicas, sem incluir no entanto conjugações verbais e plurais (só é considerada a forma infinitiva).
  • quinta-feira, 12 de julho de 2012

    E mais ortografia!



     Esse é um tema inesgotável na língua portuguesa. A língua é viva, como todos sabem, e passa por constantes alterações e modificações. Mas, além disso, o próprio corpo de conhecimentos do português num determinado momento é muito vasto e causa muitas dúvidas em todos. Vamos ver mais alguns casos pontuais.




    - "Mau ou Mal?"
    "Mau" é um adjetivo que se opõe a "bom".
    Exemplos:
    "Ele é um mau médico."
    "Joana está de mau humor."
    "Pedro e Ricardo foram maus alunos em matemática."

    Já "mal", pode ser:

    1 - Advérbio, se opondo a "bem".
    Exemplos:
    "Estou mal em história."
    "Junior foi mal treinado em natação."
    "O pequeno se comportou muito mal durante o encontro."

    2 - Conjunção que equivale a "logo que", "assim que" e "quando".
    Exemplos:
    "Mal saí do estacionamento, o carro explodiu."
    "Fabiana esteve em casa até às 18 horas e mal saiu, o telefone tocou."

    3 -Substantivo que equivale a doença, defeito ou problema.
    Exemplos:
    "Ele padece de um mal sem cura."
    "O fogão tem um mal escondido em alguma peça."

    Na dúvida na hora da utilização, use o velho macete, substituindo "mal" por "bem" e "mau" por "bom" para verificar se a frase fica correta.

    - "Senão ou se não?"
    "Se não" é conjunção condicional equivalente a "caso não".
    Exemplos:
    "O menino vai para a aula mesmo que esteja triste, se não este estado permanecerá."
    "Se não chover, haverá jogo."

    Já "senão é utilizado em quatro situações:
    1 - Equivalente a "de outro modo, do contrário".
    Exemplo:
    "Estive no hotel de Pedro, senão ele viria aqui em casa."

    2 - Equivalente a "mas sim, porém".
    Exemplo:
    "Não era caso de separação, senão de uma conversa franca." (= mas sim)

    3 - Equivalente a "apenas, somente".
    Exemplo:
    "Não se via nada, senão pássaros vermelhos."


    4 - Equivalente a "defeito, falha"
    Exemplo:
    "Seu único senão era ler por horas seguidas o jornal de domingo."

    segunda-feira, 9 de julho de 2012

    Desfazendo algumas confusões


    Na língua portuguesa existem uma série de palavras e expressões muito parecidas que nos confundem muitas vezes. Vamos esclarecer algumas delas?


    1 - "A par" e "Ao par" - A primeira significa "junto de", um ao lado do outro ao mesmo tempo. É sinônimo de:
    "A par e par" - "Par a par" - "Par e par"
    Exemplos:
    "A moça estava a par com sua colega na busca por um emprego."
    "Os dois rapazes estavam par a par na corrida."
    "Os cavalos surgiram par e par na última curva."

    Já a segunda está ligada à terminologia financeira, indicando que um papel ou moeda tem valor de venda igual ao valor nominal.
    Exemplos:
    "A ação da empresa chegou ao par com a valorização do dólar."
    "Adotando o Euro o país vai deixar o câmbio quase ao par."

    Ainda há a variação "A par de", que significa, uma pessoa bem informada.
    Exemplo: "José estava a par de tudo."

    2 - "Certo de que" ou "Certo que" - O registro formal da língua informa que a primeira construção é a correta. A omissão do "de" na fala coloquial ocorre pela presença de duas palavras de ligação e naturalmente a partícula é excluída da fala.Exemplos:
    "Estou certo de que Sua Excelência estará pronto."
    "Luzia disse: '- Estou certa que ele já vem!' "

    3 - "De encontro a" ou "Ao encontro de" - A primeira expressão encerra a ideia de oposição, de ir contra.
    Exemplos:
    "O ônibus foi então de encontro a árvore."
    "Sua opinião vai de encontro a minha."

    Já a segunda expressa a ideia de ir a favor de, em direção a.
    Exemplos:
    "A decisão do governador foi ao encontro das reivindicações dos servidores."
    "Os jovens foram ao encontro dos fieis para aumentar o coro na procissão."

    Extraído de "Por Dentro das Palavras da Nossa Língua Portuguesa" do Professor Domício Proença Filho.

    quarta-feira, 4 de julho de 2012

    Mais sobre gerúndio


    Segundo o professor Sérgio Nogueira em seu "O Português do Dia a Dia", devemos evitar a moda de se utilizar o gerúndio para indicar ações futuras.

    Exemplos:
    "Vou estar cobrando a dívida no próximo mês."

    "O instituto estará realizando um seminário na semana que vem."

    "Eles estarão estudando para o concurso logo mais."

    O professor também alerta para evitarmos o uso do gerúndio quando:
    a) Ações expressas por dois verbos não podem ser simultâneas
    Exemplo: "chegou sentando-se"
    b) O modo verbal expressa qualidades que não comportam a ideia de contemporaneidade
    Exemplo: "Vi um jardim florescendo"
    c) A ação expressa pelo gerúndio ocorre depois da do verbo principal
    Exemplo: "O namorado beijou a moça tendo terminado o compromisso meia hora depois."
    d) O gerúndio copia construção francesa (um galicismo), que passa a ter valor puramente adjetivo
    Exemplo: "Viu uma caixa contendo três bolas"

    O pior uso do gerúndio é quando ele gera ambiguidade.
    Exemplos:
    "A mãe chegou e viu o filho chorando." - quem estava chorando?
    "O ônibus atropela criança subindo a calçada." - o ônibus subiu a calçada e atropelou a criança ou a criança estava subindo a calçada quando o ônibus a atropelou?

    Segundo ele, o bom uso do gerúndio ocorre quando:
    a) Gerúndio Modal: "Chegou cantando"
    b) Gerúndio Temporal: "Ele viu a moça passando."
    c) Gerúndio Durativo: "Ficou brincando com a bola."
    d) Gerúndio cuja ação é imediatamente anterior à ação do verbo principal: "Mexendo na panela, deixou derreter o açúcar."
    e) Gerúndio Condicional: "Tendo sido quebrado o vidro, consertermos a janela."
    f) Gerúndio Causal: "Tendo visto os dois juntos, ficou amuado."
    g) Gerúndio Concessivo: "Mesmo estando ventando muito, preferiu ir de saia."
    h) Gerúndio Explicativo: "Percebendo que a batedeira não funcionaria, desistiu de fazer o bolo."

    Em resumo, o professor explica que o gerúndio será bem empregado quando:
    1 - Há predominância do caráter verbal ou adverbial;
    2 - O caráter durativo da ação está claro;
    3 - A ação expressa é coexistente ou imediatamente anterior à ação do verbo principal.

    segunda-feira, 2 de julho de 2012

    Outras curiosidades de ortografia



    Lantejoula - sabia que a pequena palheta circular e com um furo no meio também pode ser descrita como "lentejoula", "lentejoila" e "lantejoila"? Vem do espanhol "lentejuela", diminutivo de "lenteja", que significa lentilha. Ela pode ser feita em metal, madrepérola ou de material plástico, que se cose a um tecido como enfeite para lhe dar brilho. É sinônimo de paetê, que vem do francês "pailleté". E há um verbo que acompanha a lantejoula - ou melhor, vários: "lentejoular", "lentejoilar", "lantejoular" e "lantejoilar".

    Mobiliar - também podem ser usadas as alternativas "mobilhar" e "mobilar". A escolha da forma verbal é livre, apesar de alguns gramáticos desaconselharem o uso de "mobilhar". Essas formas são variantes do mesmo termo e significam "guarnecer de mobília, fornecer móveis para". Na base destas formas verbais está o verbete "mobília" que vem do latim "mobilia" e que significa 'coisas móveis'. Atenção com a conjugação que deve ser coerente com a origem.

    Porcentagem - também é válido o uso de "percentagem", que guardou o vínculo com a origem latina que é "per + centum" + o sufixo de origem provençal ou francesa "-agem". Já a "porcentagem" é de formação vernacular e vem de 'por cento'. O significado é o mesmo: "parte proporcional calculada sobre 100 unidades" ou "taxa de juros sobre um capital de 100 unidades". Na família ainda existem os sinônimos "percentualidade", "porcentual" e "percentual".

    Extraído de "Por Dentro das Palavras da Nossa Língua Portuguesa" do Professor Domício Proença Filho.