terça-feira, 30 de abril de 2013

Pequenas dúvidas recorrentes


Na língua portuguesa, uma série de erros de ortografia e concordância poderiam ser evitados com um estudo um pouco maior - e mais dedicado - a algumas palavras e expressões muito utilizadas que, repetidamente, usamos de forma incorreta. Elencamos aqui algumas delas. Veja, estude, e não erre mais, viu? ;-)

1 - ANEXO ou EM ANEXO?
"Anexo" é adjetivo, por isso concorda com substantivos, artigos, etc. Já a expressão "Em anexo" é invariável.
Exemplos:
"A folha está anexa." (ou "em anexo")
"Os antigos cartões de seu pai vão anexos." (ou "em anexo")

2 - CONFORME ou CONFORMES?
- Como conjunção conformativa, sendo usado igual a "como" ou "segundo", é invariável.
Exemplos:
"Conforme leis vigentes, é proibido fumar.."
"Os procedimentos foram executados conforme as normas."

- Como adjetivo, concorda com o substantivo a que se refere.
Exemplo:
"Em visita à feira, a fiscalização só encontrou produtos conformes.."

3 - JUNTO ou JUNTOS?
Trata-se de um adjetivo e portanto concorda com o substantivo que acompanha.
Exemplos:
"Fortes lufadas de ar quente vêm juntas."
"Nunca vi tantos amigos juntos."

4 - MELHOR ou MELHORES?
A palavra "melhor" só vai para o plural quando age como um adjetivo, como sinônimo de "mais bom".
Exemplos:
"Seus olhos estão melhores que os meus."
"Elas dançam melhor do que caminham!" => advérbio
"Os melhores alunos estarão na formatura."

5 - QUITE ou QUITES?
Concorda normalmente com o substantivo a que se refere.
Exemplos:
"Ele está quite com a justiça eleitoral."
"O pormenor no contrato os deixou quites."

Retirado de "O Português do Dia a Dia", do professor Sergio Nogueira.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Mais a fundo: o Pleonasmo Vicioso


Ao contrário das Figuras de Linguagem - que realçam a beleza da língua - os Vícios de Linguagem são palavras ou construções que vão contra a boa norma gramatical. O chamado Pleonasmo Vicioso, também chamado de Redundância, ocorre quando há repetição desnecessária na informação de uma frase.

Exemplos:
"Vamos encarar de frente este problema!"
"Joãozinho! Entre pra dentro de casa, menino!"
"Uma outra alternativa para a dieta é selecionar os alimentos."
"Ele quis adiar para depois o encontro."

É importante que se diga que o pleonasmo é considerado vício de linguagem quando usado desnecessariamente. No entanto, quando usado para reforçar a mensagem, constitui uma figura de linguagem.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Processos de formação de palavras - Composição, Redução, Hibridismo e Onomatopeia


A Composição é o processo que forma palavras compostas a partir da junção de dois ou mais radicais. Existem dois tipos: a Composição por Justaposição e a Composição por Aglutinação. Vejamos ambas em maior detalhe:

Composição por Justaposição:
Ao juntarmos duas ou mais palavras ou radicais, não ocorre alteração fonética.
Exemplos:
passatempo, quinta-feira, girassol, couve-flor

Observação: no caso de "girassol" houve uma alteração na grafia (acréscimo de um "S"), justamente para manter inalterada a sonoridade da palavra.

Composição por Aglutinação:
Ao reunirmos dois ou mais vocábulos ou radicais, ocorre a supressão de um ou mais de seus elementos fonéticos.
Exemplos:
embora (em boa hora)
fidalgo (filho de algo - referindo-se à família nobre)
hidrelétrico (hidro + elétrico)
planalto (plano alto)

Nota Importante: ao aglutinarem-se, os componentes subordinam-se a um só acento tônico, o do último componente.

Redução
Algumas palavras apresentam, ao lado de sua forma plena, uma forma reduzida. Observe:
AUTO - por AUTOMÓVEL
CINE - por CINEMA
MICRO - por MICROCOMPUTADOR
ZÉ - por JOSEÉ

Como exemplo de redução ou simplificação de palavras, podem ser citadas também as siglas, muito frequentes na comunicação atual.

Hibridismo
Ocorre hibridismo na palavra em cuja formação entram elementos de línguas diferentes.
Exemplos:
"auto (grego) + móvel (latim)

Onomatopeia
Numerosas palavras devem sua origem a uma tendência constante da fala humana para imitar as vozes e os ruídos da natureza. As onomatopeias são vocábulos que reproduzem aproximadamente os sons e as vozes dos seres.
Exemplos:
"miau", "zum-zum", "piar", "tinir", "urrar", "chocalhar", "cocoricar", etc.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Análise Sintática: esclarecendo o básico

Muitos estudantes se perguntam o porquê de se estudar isso ou aquilo em Português. Além do dado óbvio de estar se educando, é bom saber aluns outros detalhes. Por exemplo: qual o objetivo da Análise Sintática? A análise sintática tem como objetivo examinar a estrutura de um período e das orações que compõem um período.

Mas... como assim? Bem, vamos do início. Observe:

"Estávamos no cinema quando tudo aconteceu"

Ao se analisar o período, é possível identificar duas orações: "Estávamos no cinema" e "quando tudo aconteceu".

O que acabamos de fazer se chama análise da estrutura de um período. É a partir desta análise que vamos conhecendo mais os termos da frase em questão.

No período "Estávamos no cinema quando tudo aconteceu", existem seis palavras. Cada uma delas exerce uma determinada função nas orações. Em análise sintática, cada palavra da oração é chamada de termo da oração.

Termo é a palavra considerada de acordo com a função sintática que exerce na oração.

Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira, os termos da oração podem ser:

1 - Essenciais - Também conhecidos como termos fundamentais, são representados pelo sujeito e pelo predicado nas orações.

2 - Integrantes - São os que completam o sentido dos verbos e dos nomes, e são representados por:
complementos verbais: objeto direto e indireto;
complementos nominais;
agente da passiva.

3 - Acessórios - são termos que desempenham função secundária, especificando o substantivo ou expressando circunstância. São representados por:
adjuntos adnominais;
adjuntos adverbiais;
aposto.

Nota Importante: o vocativo, em análise sintática, é um termo à parte: NÃO pertence à estrutura da oração.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Processos de formação de palavras - Derivação Regressiva e Imprópria


A chamada Derivação Regressiva ocorre quando uma palavra é formada não por acréscimo, mas por redução.  
Exemplos:

comprar (verbo)beijar (verbo)
compra (substantivo)beijo (substantivo)


Nota Importante:
1 - Para descobrirmos se um substantivo deriva de um verbo ou se ocorre o contrário, podemos seguir as seguintes orientações:
A - se o substantivo denota ação, será palavra derivada, e o verbo palavra primitiva.
B - se o nome denota algum objeto ou substância, verifica-se o contrário.

Analisando o exemplo acima: os substantivos "compra" e "beijo" indicam ações, logo, são palavras derivadas. O mesmo não ocorre, porém, com a palavra "âncora", que é um objeto. Neste caso, um substantivo primitivo dá origem à palavra - verbo "ancorar".

Por derivação regressiva, formam-se basicamente substantivos a partir de verbos. Por isso, recebem o nome de Substantivos Deverbais. Note que, na linguagem popular, são frequentes os exemplos de palavras formadas por derivação regressiva. Veja estas:
o portuga (de português)
o boteco (de botequim)
o comuna (de comunista)

E mais:
agito (de agitar)
amasso (de amassar)
chego (de chegar)

Observação: o processo normal é criar um verbo a partir de um substantivo. Na derivação regressiva, a língua procede em sentido inverso: forma o substantivo a partir do verbo.

Derivação Imprópria

A Derivação Imprópria ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua forma, muda de classe gramatical. E, dentro deste processo:

1 - Os adjetivos passam a ser substantivos
Exemplo:
"Os maus ficarão fora do reino dos céus."

2 - Os particípios se transformam em substantivos ou adjetivos
Exemplos:
"Foi um feito quando Lucia passou de ano".
"Os guardados estão à disposição de seus donos na saída da reunião."

3 - Os infinitivos se transformam em substantivos
Exemplos:
"O cruzar o ar em um balão tornou-se um desejo."
"O ato de vender passou a ser visto com desconfiança."

4 - Os substantivos se transformam em adjetivos
Exemplos:
"O funcionário fantasma foi despedido."
"O menino prodígio resolveu o problema."

5 - Os adjetivos se transformam em advérbios
Exemplos:
"Falou bonito nosso amigo".
"Ele chuta forte e acerta sempre".

6 - Palavras invariáveis passam a ser substantivos
Exemplo:
"Nunca entendi o porquê desta norma."

7 - Substantivos próprios tornam-se comuns
Exemplos:
"Luis virou um caxias!" (chefe severo e exigente)

Nota Importante: os processos de derivação vistos anteriormente fazem parte da Morfologia porque implicam alterações na forma das palavras. No entanto, a derivação imprópria lida basicamente com seu significado, o que acaba caracterizando um processo semântico. Por essa razão, entende-se o motivo pelo qual é chamada de "imprópria".

terça-feira, 9 de abril de 2013

Mais a fundo: o Barbarismo

Nelson Gonçalves, cantor

Já vimos aqui uma lista dos Vícios de Linguagem. Hoje vamos tornar mais profundo o estudo de um deles: o Barbarismo.

Desvio da norma culta da língua, o barbarismo pode ocorrer das seguintes maneiras:

1 - Na pronúncia

a) Silabada ou erro na pronúncia do acento tônico.
Exemplos:
"Pedi ao guarda sua rúbrica no documento". (rubrica)
"Boemia aqui me tens de regresso..." (boêmia)

b) Cacoépia ou erro na pronúncia dos fonemas.
Exemplos:
"Ele me disse algo deferente." (diferente)
"Não reclame dos seus poblemas!" (problemas)

c) Cacografia ou erro na grafia ou na flexão de uma palavra.
Exemplos:
"Ele registou a compra na máquina" (registrou)
"Que seje assim!" (seja)

2 - Morfologia
Exemplos:
"Se eu ir aí, vou me correndo". (for)
"Julio é o vendedor mais menor de todos". (menor)

3 - Semântica
Exemplos:
"Ele comprimentou seus pares ao chegar ao baile". (cumprimentou)
"As áreas de laser do bairro precisam de maior cuidado". (lazer)

4 - Estrangeirismos Considera-se barbarismo o emprego desnecessário de palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou expressão correspondente na língua portuguesa.
Exemplos:
"Não vou ao show." (espetáculo)
"Luis não estava no lounge da recepção." (salão)

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Processos de formação de palavras - Derivação

Basicamente, existem dois processos pelos quais se formam as palavras: a derivação e a composição. A diferença entre eles é a de que, no processo de derivação, partimos sempre de um único radical, enquanto que, no processo de composição, sempre haverá mais de um radical. Neste post começaremos a ver o processo de Derivação. Acompanhe:

No processo de formação de palavras por derivação, se obtém uma palavra nova, chamada derivada, a partir de outra já existente, chamada primitiva. Observe abaixo:

PrimitivaDerivada
MarMarítimo, marinheiro, marujo
Terraenterrar, terreiro, aterrar


Note que as palavras "Mar" e "Terra" não se formam de nenhuma outra palavra, mas, ao contrário, possibilitam a formação de outras, por meio do acréscimo de um sufixo ou prefixo. Logo, "Mar" e "Terra" são palavras primitivas, e as demais, derivadas.

Tipos de Derivação

1 - Derivação Prefixal ou Prefixação
É o resultado do acréscimo de um prefixo à palavra primitiva, que tem o seu significado alterado. Exemplos:
Ver - Antever
Crescer - Decrescer
Feliz - Infeliz

2 - Derivação Sufixal ou Sufixação

Trata-se de um acréscimo de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de significado ou mudança de classe gramatical.
Exemplos:
Conscientização
Capacitação

Nos exemplos acima, o sufixo "-ção" transformam em substantivos os verbos "Conscientizar" e "Capacitar". Estes, por sua vez, já são derivados dos substantivos "Consciência" e "Capaz", respectivamente, pelo acréscimo do sufixo "-izar".

A derivação sufixal pode ser:

a) Nominal, formando substantivos e adjetivos.
Exemplos:
relógio => relojoaria
sarcasmo => sarcástico

b) Verbal, formando verbos.
Exemplos:
Final - finalizar
Problema - problematizar

c) Adverbial, formando advérbios de modo.
Exemplos:
Certo - certamente
Feliz - felizmente

Derivação Parassintética ou Parassíntese
Tal ocorre quando a palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Por meio da parassíntese formam-se nomes (substantivos e adjetivos) e verbos.

Explicando:
O adjetivo "velho"; de seu radical "velh-" formamos o verbo "envelhecer" através da junção simultânea do prefixo "en-" e do sufixo "-ecer". A presença de apenas um desses afixos não é suficiente para formar uma nova palavra, pois em nossa língua não existem as palavras "envelh", nem "velhecer".

Exemplos:
Palavra InicialPrefixoRadicalSufixoPalavra Formada
tédioen-tedi-adoentediado
honrades-onr-adodesonrado


Nota Importante: não devemos confundir derivação parassintética, em que o acréscimo de sufixo e de prefixo é obrigatoriamente simultâneo, com casos como os das palavras "desvalorização" e "desigualdade". Nessas palavras, os afixos são acoplados em sequência: desvalorização provém de desvalorizar, que provém de valorizar, que por sua vez provém de valor.

É impossível fazer o mesmo com palavras formadas por parassíntese: não se pode dizer que "expropriar" provém de "propriar" ou de "expróprio", pois tais palavras não existem. Logo, "expropriar" provém diretamente de "próprio", pelo acréscimo concomitante de prefixo e sufixo.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Uma língua viva e mutável


"Vlew", "Afff...", "Blz", "Ô loko!": quantas vezes já escutamos estas "expressões" - e até as lemos - e, para os mais velhos, às vezes fica difícil mesmo de entender o que está sendo dito? Neste post do site "Português" - www.portugues.com.br - que reproduzimos abaixo, as Variações Linguísticas são muito bem classificadas e explicadas. Só não é possível, de fato, listarmos todas as gírias, falas e demais sinais linguísticos presentes no momento em nossa língua...

Tipos de variações linguísticas

A língua apresenta tipos de variações linguísticas, estando estas relacionadas a distintos fatores.

Estamos inseridos em um sociedade dinâmica, a qual se transforma com o passar do tempo e acaba transformando o modo pelo qual as pessoas estabelecem seus relacionamentos interpessoais. Um bom exemplo de tais mudanças é a linguagem dos internautas que, em meio a tantas abreviações e neologismos, termina por criar um universo específico, no qual somente os interlocutores são capazes de decifrar o vocabulário por eles utilizado.

Partindo dessa prerrogativa, ocupemo-nos em discorrer acerca dos tipos de variações que as línguas apresentam, os quais dependem de fatores específicos, tais como condição social, faixa etária, diferenças existentes entre uma região e outra, enfim...

Assim sendo, constatemos algumas elucidações e casos representativos de tais variações. Entre elas, destacamos:

Variações diafásicas
Representam as variações que se estabelecem em função do contexto comunicativo, ou seja, a ocasião é que determina a maneira como nos dirigimos ao nosso interlocutor, se deve ser formal ou informal.

Variações diatópicas
São as variações ocorridas em razão das diferenças regionais, como, por exemplo, a palavra “abóbora”, que pode adquirir acepções semânticas (relacionadas ao significado) em algumas regiões que se divergem umas das outras, como é o caso de “jerimum”, por exemplo.

Variações diastráticas
São aquelas variações que ocorrem em virtude da convivência entre os grupos sociais. Como exemplo podemos citar a linguagem dos advogados, dos surfistas, da classe médica, entre outras.