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quarta-feira, 7 de março de 2012

Análise Sintática Avançada IV - a palavra "como"


Nesta edição da série de posts, a professora Luciene Oliveira nos mostra as diversas classificações da palavra "como

A palavra "como" pode ser classificada das seguintes formas:

1 - Advérbio Interrogativo de modo ( tanto na interrogação direta e quanto na indireta).
Exemplo: "Como se consegue viver com esse salário?" - Advérbio Interrogativo de modo em interrogação direta;
"Não sei como nós, brasileiros, vivemos com esses salários." - Advérbio Interrogativo iniciando uma oração subordinada substantiva objetiva direta;

2 - Advérbio de Intensidade – quando o como apresenta valor de "quão" ou "quanto", geralmente modificando um verbo.
Exemplo: "Como demonstram ignorância sobre o que falam muitos de nossos políticos, jornalistas, professores, em fim nós brasileiros." - Advérbio de intensidade;

3 - Conjunção subordinada adverbial causal – estabelece uma relação de causa e efeito e equivale-se a "porque".
Exemplo: "Como falou muito, ficou rouco." (= Porque falou muito, ficou rouco).
Observação - O professor Adriano Gama Kury nos ensina, para tirarmos a “prova dos nove” na classificação de uma causal, distinguindo-a de uma explicativa, uma vez que não raro são as mesmas conjunções ou locuções conjuntivas, o seguinte:
1º ) Se o período iniciar-se pela oração subordinada e essa iniciar-se pela palavra "como", esse como será causal.
2º ) Quando houver dúvidas sobre a relação de causa ou explicação, deveremos proceder da seguinte maneira: substituímos o verbo da oração por sua forma no infinitivo impessoal e a introduzimos pela preposição por. Exemplo: "Por falar muito, ficou rouco".

4 - Conjunção subordinada adverbial comparativa - quando usada no segundo termo de uma comparação equivalendo a "tal qual".
Exemplo: "Nossos políticos são finórios como nossos matutos"

5 - Conjunção subordinada adverbial conformativa – nesse caso ele equivale-se a "segundo, conforme, consoante".
Exemplo: "Como dizem os médicos, açúcar não faz bem à saúde".

6 - Substantivo – nesse caso ele precisará estar determinado pelo artigo ou outro adjunto adnominal.
Exemplo: "O como chegamos aqui não é o que importa".

7 - Verbo comer – quando conjugado na primeira pessoa do presente do indicativo.
Exemplo: "Eu como todos os dias banana no meu café da manhã".

8 - Preposição acidental – quando tiver valor de: "na qualidade de".
Exemplo: "Como cidadão tenho direito de exigir respeito de todo órgão público."

9 - Palavra denotativa de explicação – com valor de "isto é, ou seja;
Exemplo: "Nós, brasileiros, precisamos mudar nosso comportamento político, como indiferença, desinteresse."
10 - Pronome relativo (sempre com a função sintática de adjunto adverbial de modo) – quando equivale a "por o qual" ou "a qual", após substantivo.
Exemplo: "Abominemos a vilania como alguns de nossos representantes se portam."

Veja os outros posts da série:
"Eis que e Tomara que"
"Termos Vicários"
"Palavras denotativas"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Análise Sintática Avançada III - Palavras denotativas


Nesta edição da série de posts, a professora Lucienne Oliveira nos fala da dificuldade de classificar palavras deste tipo.

Como nos ensina o professor Celso Cunha, em nossa língua, algumas palavras passaram a ser classificadas como palavras denotativas, a maioria delas anteriormente classificadas impropriamente de advérbios - essa foi uma proposta do Professor José Oiticica, em seu Manual de Análise Sintática - 6ª edição, aceita pelos gramáticos. Contudo é uma classificação especial, pois que denotar já é uma propriedade das unidades léxicas, e foi aceita por falta de uma classificação mais adequada. Assim, o que denominamos palavras denotativas de situação são os já existentes na Nomenclatura Gramatical Portuguesa e classificados de advérbios de exclusão, de inclusão e os advérbios oracionais.

Exemplo 1:
"Tudo na vida engana, até a glória."
Observem que a palavra "até", normalmente classificada como preposição, com valor semântico de aproximação a um limite dado, não o tem nessa oração, mas, sim, o de inclusão.

Exemplo 2:
"Até eu fui barrada no baile."
A frase está absolutamente correta, apesar de jamais podermos, antes dos pronomes eu e tu, colocarmos quaisquer das preposições. Mas, no caso, a palavra "até" é uma palavra com valor de inclusão e não de preposição.

Exemplo 3:
"Desculpe-me... mas você está se sentindo mal?"( A. Abelaira, O Nariz de Cleópatra, 40 - Comédia em três atos, 1962)
Qual o valor de adversativo da palavra "mas"? Nenhum. "Mas" tem um valor semântico de articular a oração seguinte em determinada ocasião, onde se interpela alguém numa situação pouco confortável, portanto também sem valor aditivo.

Exemplo 4:
"Afinal, quem é que vai pagar por isso?"
Observem que o vocábulo "afinal" e a locução "é que" não tem qualquer papel sintático possível, não fazem papel de advérbios, uma vez que não modificam nem verbo, nem adjetivo nem outro advérbio, ou seja: são de dificílimas classificação. Por apresentarem valor semântico, muitos professores ensinam a exclusão como possibilidade de classificação. Nesse caso, a meu ver, estão desprezando um valioso aspecto de construção morfossintático de nossa língua, importante muitas vezes à compreensão do texto. Particularmente concordo com professor Adriano Gama Kury, quando diz do aspecto perverso de exigirmos dos alunos, ainda que "concursandos", problemas da língua, que sequer são unanimidade entre nossos grandes gramáticos. O que aconselho aos meus alunos é aprenderem e bem entenderem os conceitos e as classificações morfossintáticas, isto é, as classes e seus possíveis papéis sintáticos.

Veja os outros posts da série:
"Eis que e Tomara que"
"Termos Vicários"

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Analise sintática avançada II - Termos Vicários

Na segunda edição desta série de posts, a professora Lucienne Oliveira nos explica um fato sintático raro que pode se transformar numa excelente questão de concurso.

Você sabe o que é vigário?

Responder-me-ão que é qualquer coisa que tem a ver com Igreja, certo? Mas o quê? "Vigário", conforme o dicionário do professor Houaiss, é aquele que substitui outro; no uso religioso é aquele que é investido dos poderes de outro. Mas por que estamos "viajando na maionese", como se diz atualmente? Só prá introduzir o novo tópico de fatos sintáticos, pois que VICÁRIO vem de vigário.

O papel de vicário pode ser desepenhado por pronomes e verbos, entre outros. Vicário é o termo que se investe do sentido e da função sintática de outro, que não é repetido por vários motivos inclusive por economia verbal. Assim vejamos o seguinte exemplo: "E quando o vento acalma, é para saltar ao poente ou ao sul." (in "Lendas e Narrativas" de Alexandre Herculano).

Esse período apresenta três orações, pois a primeira que se inicia em "E quando..." e termina em "acalma". Trata-se de uma oração subordinada adverbial temporal. A segunda se inicia em "...para..." e termina em "...ao sul.". É uma oração subordinada adverbial final. E o verbo ser, que se apresenta entre uma e outra, que valor tem? Qual sua predicação?

Claro que não é verbo de ligação, porque período não apresenta predicativo; não é verbo auxiliar, já que não temos locução verbal e também não se apresenta como verbo intransitivo, como sabemos que pode sê-lo. Então, como analisá-lo?

Em tais situações o verbo ser está se apresentando como vicário, ocupando o lugar de "acalma". Reconstruindo o período teremos: "Quando o vento acalma, acalma para saltar ao poente e ao sul": desse modo o verbo ser no período será sintaticamente analisado como oração principal.

Aguardem mais exemplos de termos vicários.

Veja aqui o primeiro post da série: "Eis que e Tomara que"

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Análise sintática avançada I

A partir de hoje, periodicamente, publicaremos fatos sintáticos de interesse para análise avançada de situações que podem se transformar em questões complexas de concursos públicos. Elaborados pela professora Lucienne Oliveira, do Curso GAPP, são verdadeiras sutilezas de nossa língua a serem estudadas e apreciadas.

"EIS QUE e TOMARA QUE"

Ambas as palavras, "eis" e "tomara", com valor interjectivo - isto é, valor de interjeição -fazem o papel de oração principal, tendo como objeto a oração introduzida pela conjunção integrante que. Assim, em:  "tomara que chova seis dias sem parar..." e em "eis que ele volta", analisaremos eis e tomara como orações principais e as introduzidas pelo "que" (conjunção integrante), como orações subordinadas substantivas objetivas diretas, conforme nos ensina o professor Adriano Gama Kury.