quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tropeçando nas palavras V


Mais palavras que causam confusão.

"Abjeção e Objeção" - a primeira vem do latim abjectione e significa algo "marcado pela baixeza, pela degradação ou pelo aviltamento". Já a segunda vem de objectione e significa "ato de por em frente, de cobrir com", mantendo quase intacto seu significado original.

"Abstinente ou Abstêmio"? - apesar do verbo raiz ser comum a ambos - abster-se - o abstinente é aquele que se abstêm de qualquer coisa. Já o abstêmio só se priva de bebidas alcoólicas.

"Astronauta ou Cosmonauta"? - os dois: ambos designam quem viaja numa nave espacial, fora da atmosfera terrestre. O primeiro vem do francês "astronaute" e é a forma preferida nos EUA. Já cosmonauta traduz a palavra russa "kosmonaut" e, naturalmente, é a forma preferida naquele país.

"Conjeturas ou Conjuntura"? - A "conjetura" (ou "conjectura") é o mesmo que suposição. Já a "conjuntura" indica concomitância, simultaneidade. Refere-se ao conjunto de acontecimentos que envolvem algum fato.


Extraído de "Por Dentro das Palavras da Nossa Língua Portuguesa" do Professor Domício Proença Filho.

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Classificação gramatical do "SE"


Hoje a professora Luciene Oliveira nos dá uma extensa e completa aula sobre a partícula "SE". Estude com atenção:

Dentre as possibilidades de classificação gramatical o "SE" pode ser:

  • Conjunção causal, integrante e condicional;

  • Pronome pessoal oblíquo átono de terceira pessoa - que substitui o substantivo na função de objeto direto ou indireto, dependendo da regência verbal - nesse caso ele poderá ser substituído pelo correspondente oblíquo tônico - a si - e indicará sempre a voz reflexiva ou a reflexiva recíproca. Exemplo: "Ele se deu um presente" - O verbo "dar" é transistivo direto de coisa e indireto de pessoa. Assim, nesse caso, o "se" é objeto indireto e a voz reflexiva, pois temos no agente e no destinatário da ação verbal uma mesma pessoa;

Mas a palavra "se" pode, ainda, ser nomeada dependendo das relações sintáticas estabelecidas nas orações como:

1 - Índice de indeterminação do sujeito - quando ligada a verbos intransitivos, transitivos indiretos e aos de ligação, pois com tais verbos é impossível fazer-se voz passiva, uma vez que é o objeto direto da ativa que será na passiva o seu sujeito;

2 - Partícula apassivadora - quando ligada a verbos transitivos diretos ou diretos e indiretos, desde que assim estejam classificados na oração, porque a transitividade do verbo é uma classificação sintática, isto é, um verbo só poderá ser assim classificado, se na oração em que ele se apresenta houver complemento direto e direto e indireto. O verbo "ler" é transitivo direto de acordo com qualquer dicionário de regência, mas na frase "Não se lê mais como antigamente", o "se" é de indeterminação do sujeito, pois o verbo nessa oração apresenta-se transitivamente indireto. Já na oração: "Não se leem mais livros como antigamente", o "se" é partícula apassivadora e "livros" é sujeito paciente - e estamos com uma paráfrase, isto é, dois modos de dizermos a mesma coisa, que se denomina passiva analítica, pois corresponde a "livros" que não são mais lidos como antigamente. Observe que a passiva pronominal - com a partícula "se" - corresponde geralmente a uma oração de sujeito indeterminado na ativa. Assim, passando a oração "Não se leem mais livros como antigamente" para a ativa, bastaríamos retirar a partícula "se", ficando então: "Não leem mais livros como antigamente".

3 - Partícula integrante do verbo - em verbos que indicam ação de moto-próprio, tais como "atrever-se", "queixar-se", "ater-se", "suicidar-se", entre vários outros. Nessas situações os alunos devem observar duas coisas: esses verbos são sempre transitivos indiretos, e a partícula "se" jamais será comutada pelo correspondente oblíquo tônico "a si". Por exemplo: verbo "ater-se": eu me ative, tu te ativeste, ele se ateve, nós nos ativemos, vós vos ativestes, ele se ativeram - e claro quem se atém se atém a algo. Pode-se observar que não faz o menor sentido eu trocar qualquer uma das partículas pronominais pelo correspondente oblíquo tônico. Exemplo: "Eu ative a mim mesma a essa questão".

4 - E o "se" pode ainda ser sujeito da oração no infinitivo, quando não se tem locução verbal, e isso acontece com os verbos "mandar", "deixar", "fazer", "dizer", denominados causativos. E os sensitivos "ouvir", "sentir", etc. Assim, nas orações: "Fez-se ficar sentado", esse é sujeito do verbo "ficar" e a oração corresponde a "Ele fez ele ficar sentado".

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Tropeçando nas palavras IV



É melhor ler e aprender que usar a palavra incorreta na redação...

  • "Apóstrofo" ou "Apóstrofe" - O primeiro vem do termo latino "apo-strophos e é uma notação léxica que indica a supressão de fonemas como em "gota d'água", por exemplo. O segundo indica a interpelação direta e imprevista e vem do latim "apostrophe", que significa "ato de desviar ou de despertar". Um exemplo famoso está nos versos de Castro Alves, quando diz: "Deus, ó Deus! Onde estás que não respondes (...)" - o poeta interpela Deus a respeito de algo.

  • "Apressar" ou "Apressar" - O primeiro se remete à pressa, ou seja, significa acelerar. Um exemplo: "Ele apressou muito a nossa saída". Já o segundo se refere ao ato de apor preço sobre algo ou ter consideração por. Exemplos: "Ela apreçou muito alto a tal camisa" - "Joaquim não teve nenhum apreço pelo último empregado."

  • "Arteriosclerose ou "Aterosclerose" - Apesar de ambas se referirem a problemas nas artérias, há uma diferença de significado: a primeira é formada pelos radicais "artério" - significando artéria - e "esclero" - do grego "skleros", que significa seco, duro. Significa a destruição gradativa das fibras das artérias, tornando-as duras. Já a segunda é formada pelo greto "athera"- que significa "alteração" - associado ao mesmo termo "skleros" e significa a situação quando dentro das artérias se formam placas de gordura, reduzindo o espaço para a passagem do sangue. Apesar de termos médicos muito ligados é bom conhecermos a diferença.
Extraído de "Por Dentro das Palavras da Nossa Língua Portuguesa" do Professor Domício Proença Filho.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Concordância Nominal: o caso de "bastante"


A palavra "bastante" pode se encaixar em três classes gramaticais: advérbio de intensidade, pronome indefinido ou adjetivo. Portanto, sua concordância varia de acordo com a classe que estiver exercendo. Vejamos exemplos:

- Como advérbio de intensidade é invariável:
"Eles trabalharam bastante durante a noite."
"Ela estava bastante cansada."

- Como pronome indefinido, aparecendo antes do substantivo, concorda com o substantivo:
"Está com bastantes problemas" - neste caso é melhor usar "muitos" ou seja, devemos evitar o uso de bastante como pronome indefinido.

- Como adjetivo, aparecendo após um substantivo, também concorda com o substantivo:
"Ele já tem provas bastantes para incriminar o réu" - também neste caso é melhor usar "suficientes" no lugar de "bastantes".

Extraído de "O Português do Dia a Dia" do professor Sérgio Nogueira da Silva.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Acordo Ortográfico em quadrinhos - regras especiais de acentuação II

Clique para ver maior.
Tirinha de Orlandeli

Veja a regra completa:
"As vogais I e U mantêm o acento agudo em palavras oxítonas e paroxítonas quando formam hiato com a vogal anterior ( sozinhas nas sílaba ou seguida de S); não levam acento quando constituem sílaba com consoantes L, M, N, R ou Z. Se, entretanto, nas palavras paroxítonas, essas vogais formarem hiato com um ditongo anterior, elas perdem o acento agudo."
Exemplos: saúde / moinho / juiz / feiura / maiúscula / cheiíssimo

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Concordâncias complexas


De um modo geral as flexões das palavras em nossa língua acompanham:
  • O gênero, número e grau dos substantivos e adjetivos;
  • O número e o gênero dos artigos e de determinados pronomes e numerais
  • O modo, o tempo, o aspecto, a pessoa, o número e a voz dos verbos e
  • A gradação de certos advérbios.

No entanto existem palavras de difícil flexão ou mesmo que geram dúvidas na hora de flexioná-las. Vamos ver algumas:

Fax - o plural de fax é como o de tórax: tanto para designar o aparelho quanto para a mensagem, não se flexiona. Exemplos:
"Já lhe mandei dez fax e ela não me retorna!"
"Estes fax devem ser enviados à outra filial"

Gol - a rigor, o plural de gol é gois ou goles. Mas, como a origem da palavra vem do inglês goal (que tem plural definido goals) e pelo uso continuado e já consagrado na fala do brasileiro, a palavra gols acaba por ser reconhecida como correta.

A maioria faz ou fazem? - as duas formas de flexão do verbo "fazer" são aceitas desde que a palavra maioria seja precedida pela preposição A. Se se usar o verbo no singular, destacamos o conjunto; no plural, a ênfase recai sobre os elementos que constituem a maioria. Este tipo de concordância também é aceita para construções similares tais como "a maior parte de", "parte de ", "uma porção de", "o resto de", "a metade de", "o grosso de", e outras.
Exemplos:
"A maioria das mulheres gosta (ou gostam) de usar maquiagem."
"
Uma porção de homens na festa preferiu (ou preferiram) beber cerveja à uísque."

Extraído de "Por Dentro das Palavras da Nossa Língua Portuguesa" do Professor Domício Proença Filho.