segunda-feira, 30 de abril de 2012

Palavrinhas que confundem


Algumas palavras de grafia muito aproximada podem confundir alguns. É preciso estar sempre atento a estas pequenas diferenças, principalmente para compreender o significado de textos. Veja estes exemplos pinçados do livro "Por Dentro das Palavras da Nossa Língua Portuguesa" do Professor Domício Proença Filho:  

Feitiço x Fetiche - "Feitiço" significa "encantamento" ou, no popular, "coisa feita". Dependendo do contexto também pode ter conotação positiva, como por exemplo: "Luzia andava pela sala de forma encantadora, espalhando seu doce feitiço entre os jovens rapazes". Na formação desta palavra, o particípio do verbo "fazer" - feito - aliou-se ao sufixo "-iço" e o termo ganhou sentido negativo. Já "fetiche" significa "objeto a que se atribui poderes mágicos" ou "objeto ou parte do corpo considerada possuidora de qualidades eróticas", segundo o Houaiss. As duas palavras são irmãs, sendo que "fetiche" é a forma que o "feitiço" do português adquiriu na língua francesa.

Flagrante x Fragrante - a primeira significa o que é evidente, o próprio instante da ação, sem possibilidade de contestação. Está ligado à "abrasador, que queima", a partir do sentido que recebe na expressão "flagrante crime", ou seja "no calor do crime, o momento em que o crime acontece". "Fragrante" vem de "fragrância" , perfume, cheiro. Daí podemos até construir uma frase com as duas palavras: "O perfume fragrante foi crucial para estabelecer o flagrante do envolvimento entre os dois".

Flui x Frui - O que "Flui", mana, segue seu curso, seu destino. Vem do latim "fluere" e está na mesma família de "fluido, fluidez, fluidificar". Já a segunda palavra vem do latim "fruere", que signfica "fazer uso de". Nesta família também estão "fruição, usufruto, usufruir". Unindo-os em uma só frase, podemos obter: "O rio flui de modo incessante, de forma que os animais fruam de seu frescor em suas margens".

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Algumas dicas sobre colocação pronominal I


Os pronomes átonos - me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes - podem ocupar três posições:
  • Antes do verbo = próclise 
  • Depois do verbo = ênclise 
  • No meio do verbo = mesóclise 
Estes pronomes são "fracos" na pronúncia e por serem átonos, se unem ao verbo. Não há hífen na próclise porque a "união" é maior na ênclise. Por este motivo, esta é a forma preferida pelos lusitanos. Já no Brasil, a preferência é pela próclise.

Casos específicos:
  1. "Nos encontramos com os mexicanos" ou "Encontramo-nos com os mexicanos"? 
  2. O certo é "encontramo-nos". Segundo a sintaxe portuguesa, não devemos iniciar a frase por pronome, apesar de ser comum no Brasil. Também é possível utilizar um sujeito antes do pronome para tornar a frase mais "palatável": "Nós nos encontramos com os mexicanos"

  3. "Encontrei-o na praia" ou "O encontrei na praia"? 
  4. Tanto faz, ambas estão corretas. Porém, o uso da próclise é mais utilizada sempre que o sujeito apareça antes do verbo.

  5. "Eu não tornar-me-ei chefe da torcida" ou "Eu não me tornarei chefe da torcida"?  O certo é "Eu não me tornarei chefe da torcida". A palavra negativa ("não") é causadora da próclise, mesmo com o verbo no futuro. Entre a próclise e a mesóclise, devemos usar a próclise.

    Retirado de "O Português do Dia a Dia", do professor Sergio Nogueira.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Esclarecendo significados: sessão, seção e cessão.


A pronúncia praticamente igual destas três palavras de significados distintos complicam a vida de muita gente. Vamos ver com atenção como utilizá-las corretamente?

"Sessão" - vem do termo latino "sessione" que significa "ato de sentar", ou seja, um período de reunião com outras pessoas, onde, de preferência deve-se estar sentado. Logo, vale dizer "sessão de cinema", "sessão de terapia", e também "sessão de exercícios": tudo de modo em que o agente esteja em algum evento.

"Seção" - vem do latim "sectione" que é o "ato de separar por meio de corte, seccionar". É da família de "secare", ou seja "cortar". Logo, esta grafia está ligada a uma separação, um compartimento: uma seção na empresa, uma seção de uma loja, ou uma seção num objeto.

"Cessão" - vem também da palavra latina "cessione. É o ato de ceder, do latim "cedere". Portanto, se você faz uma cessão, você cede algo a alguém, como por exemplo a cessão de direitos, que normalmente se faz em benefício de outrem, ou de uma empresa.


Extraído de "Por Dentro das Palavras da Nossa Língua Portuguesa" do Professor Domício Proença Filho.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Atenção com a Silepse


Tratamos em uma série de posts sobre os diferentes grupos de Figuras de Linguagem, mas a Silepse - figura de linguagem de construção - deve ser vista com um pouco mais de atenção pois, em alguns casos, ela pode ser facilmente confundida com um erro gramatical. Vejamos em detalhe seus tipos:

Silepse é a figura de linguagem em que a concordância não é feita de acordo com as palavras que efetivamente aparecem na oração, mas segundo a ideia que a elas associam ou segundo um termo subentendido. A silepse pode ser de gênero, número ou pessoa.

Silepse de Gênero (masculino/feminino)
Exemplo - " Vossa Excelência está admirado do fato?"
O pronome de tratamento “Vossa Excelência” é feminino, mas o adjetivo “admirado” está no masculino. Ou seja, concordou com a pessoa a quem se referia (no caso, um homem). Aqui temos o feminino e o masculino, logo, silepse de gênero.

Silepse de Número (singular/plural)
Exemplo - "A grande maioria estudam uma língua."
"A grande maioria" é um sujeito no singular, mas o verbo está no plural. “Estudam” concorda com a ideia de plural que está em “maioria”.

Silepse de Pessoa
Exemplo - "Todos estávamos nervosos."
Esta frase levaria o verbo normalmente para a 3ª pessoa (estavam – eles) mas a concordância foi feita com a 1ª pessoa (nós). Temos aqui duas pessoas (eles e nós) logo, silepse de pessoa.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Teste seus conhecimentos - coerência e coesão



Um tipo de questão que leva tempo e confunde muitos candidatos a concursos públicos são estas, sobre coerência e coesão de textos. São longas e com detalhes que às vezes "pegam" os estudantes. Teste seus conhecimentos, portanto:


1 - Assinale a opção que NÃO dá sequência ao texto com coesão, coerência e correção gramatical:

"Embora, juridicamente, existam definições distintas, trataremos por contrabando todas as práticas que visem introduzir de forma clandestina e fraudulenta mercadorias estrangeiras no território nacional ou promover a saída de produtos nacionais em desacordo com a legislação."

a) Combater e prevenir essas práticas ilícitas é um dever do Estado, ao qual cabe, em última instância, a defesa da sociedade e da nação. É preciso dar ao problema a dimensão que ele merece.

b) Não se pode cogitar projetos de soluções dos problemas sociais, de saúde, de segurança pública, de meio ambiente, de emprego e outros, sem antes promover ações efetivas de combate a essas práticas ilegais e de controle sobre os fluxos com o mundo exterior.

c) Combater esse ilícito de forma eficaz é, sem dúvida, menos oneroso para o Poder Público do que reparar os danos que o contrabando provoca, seja na economia, na segurança, na saúde pública ou na agricultura.

d) Promovendo a evasão de divisas, vez que o pagamento de mercadorias introduzidas clandestinamente no país, normalmente, é efetuado à margem do sistema oficial de controle cambial e, ainda, propiciando a lavagem de dinheiro ganho em atividades ilícitas.

e) Entre outros problemas, o contrabando provoca a agressão aos direitos sobre o patrimônio natural, na medida em promove a saída de espécies para o desenvolvimento de produtos da indústria farmacêutica (biopirataria) e expõe a agricultura e a pecuária ao risco de contaminações.

Gabarito: alternativa "d"



2 - Assinale a opção que NÃO dá continuidade de forma coesa e coerente ao texto a seguir:

"Além de a privatização contribuir para o equilíbrio macroeconômico com a eliminação de déficits potenciais provocados pela má gestão das empresas estatais, do ponto de vista microeconômico as empresas privatizadas tornaram-se mais competitivas globalmente, investem mais, arrecadam mais e geram mais renda para o país."

a) Não podem mais se limitar a cuidar de de seus negócios estritos, mas, também, precisam se responsabilizar pela sustentabilidade ambiental e pela equidade social, enquanto vão construindo a riqueza nacional em suas organizações produtivas.

b) Cabe à iniciativa privada o papel mais relevante no processo de conceber e de implementar os projetos de investimento.

c) Será indispensável a formulação de estratégias para que também sejam competitivas as empresas estatais que remanescem.

d) Nesta nova ordem empresarial, caberá às empresas privadas maior responsabilidade social dentro do processo de desenvolvimento nacional e das regiões em que se inserem.

e) Entretanto, pode-se constatar um conjunto inequívoco de benefícios que o processo de privatização trouxe.


Gabarito: alternativa "e"

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vícios de Linguagem


Às vezes, na linguagem escrita, as normas estabelecidas pela gramática normativa não são obedecidas.  O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade, refere-se às figuras de linguagem, que acabamos de estudar. Quando o desvio se dá pelo desconhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem. Vamos ver alguns neste post:

Barbarismo - consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
Exemplos: pesquiza em vez de pesquisa, prototipo, em vez de protótipo.

Solecismo - consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.
Exemplo: "Fazem dois meses que ele não aparece", em vez de faz dois meses - desvio na sintaxe de concordância.

Ambiguidade ou Anfibologia - trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.
Exemplo: "O guarda deteve o suspeito em sua casa" - na casa de quem: do guarda ou do suspeito?

Cacófato - consiste no mau som produzido pela junção de palavras.
Exemplo: "Paguei cinco mil reais por cada".

Pleonasmo vicioso - consiste na repetição desnecessária de uma ideia.
Exemplo: "O pai ordenou que o menino entrasse para dentro imediatamente"
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este não é considerado vicioso.

Eco - trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.
Exemplo: "O menino repetente mente alegremente".

quarta-feira, 4 de abril de 2012

E mais ortografia...


É impressionante como a enorme maioria das pessoas comete erros simples de grafia e nem se dá conta disso. Alguns dirão que até mesmo jornais, revistas e outros profissionais, que deveriam escrever de forma correta, erram a todo momento. É verdade, mas é preciso uma maior atenção por parte de quem escreve - e, esperamos, lê as palavras grafadas corretamente - como também mais amor à língua portuguesa no sentido de se informar sobre como se escreve corretamente. Na dúvida, consulte sempre um dicionário e lembre-se na: na luta por um emprego melhor ou num concurso, vence quem sabe mais.

E aí vai mais uma listinha de palavras que temos visto com grafias incorretas constantemente:

Ansiosa e não anciosa
Atrasar e não atrazar
Através e não atravéz
Digladiar e não degladiar
Disenteria e não desenteria
Exceção e não excessão
Muçarela e não mussarela
Obcecado e não obsecado
Tigela e não tijela

Aos poucos vamos incluindo novas palavras na listinha.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Figuras de Linguagem - palavras


No post de hoje apresentamos as Figuras de linguagem na subdivisão Figuras de palavras:

Metáfora - consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
Exemplo - “Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

Metonímia - como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos.
Exemplo - "Não tinha teto em que se abrigasse" (teto em lugar de casa)

Catacrese - ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.
Exemplo - "O pé da mesa estava quebrado."

Antonomásia ou Perífrase - consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade.
Exemplo - "...os quatro rapazes de Liverpool" (em vez de os Beatles)

Sinestesia - trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Exemplo - "A luz crua da madrugada invadia meu quarto."