segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Tropeçando nas palavras II


Mais uma breve lista com palavras que, por vezes, nos confundem. Vamos a elas!

  • Infringir ou Inflingir? - quem infringe desobedece alguma coisa, regra, lei, código, etc. Ou seja, comete uma infração. Já quem inflinge aplica alguma sanção a alguém, ou seja, impõe uma pena. Por isso é possível que você infrinja uma regra de trânsito e que o guarda inflinja uma multa!

  • Amoral ou Imoral? - depende: quem é indiferente à moral - ou seja, não está nem aí para a moralidade - é um amoral. Já quem não está de acordo com a moral vigente, ou seja, é contra os padrões de moral que vigem num determinado lugar, é um imoral. No primeiro caso o prefixo a- indica supressão, ausência de. No segundo caso, i(n)- indica negação, oposição.

  • O cumprimento e o comprimento - cumprimente sempre as pessoas: você será tido como alguém educado. Ou seja, cumprimentar é saudar. Já o comprimento refere-se ao tamanho de algo e também indica algo comprido, isto é extenso.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Usando o gerúndio corretamente

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Tirinha de Orlandeli

A origem da "moda" de se utilizar o gerúndio em praticamente toda frase é discutida mas o fato é que ele tem tomado conta da linguagem de modo assustador e, na maioria das vezes, sem necessidade. O uso deste modo verbal se resume ao momento em que se deseja "expressar uma ação em curso ou uma ação simultânea a outra, ou exprimir a ideia de progressão indefinida". Muitos estudiosos da língua já atribuem seu uso intenso a um vício de linguagem sério, que deve ser combatido.

Portanto, ao invés de dizer:
"Vou estar enviando a carta na próxima semana"
Use simplesmente:
"Vou enviar a carta na próxima semana"

"Estaremos atendendo a sua solicitação com a maior brevidade possível"
Diga simplesmente:
"Atenderemos à sua solicitação com a maior brevidade possível"

"Vou estar reservando as passagens agora à tarde"
Diga simplesmente:
"Vou reservar as passagens agora à tarde

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Análise Sintática Avançada III - Palavras denotativas


Nesta edição da série de posts, a professora Lucienne Oliveira nos fala da dificuldade de classificar palavras deste tipo.

Como nos ensina o professor Celso Cunha, em nossa língua, algumas palavras passaram a ser classificadas como palavras denotativas, a maioria delas anteriormente classificadas impropriamente de advérbios - essa foi uma proposta do Professor José Oiticica, em seu Manual de Análise Sintática - 6ª edição, aceita pelos gramáticos. Contudo é uma classificação especial, pois que denotar já é uma propriedade das unidades léxicas, e foi aceita por falta de uma classificação mais adequada. Assim, o que denominamos palavras denotativas de situação são os já existentes na Nomenclatura Gramatical Portuguesa e classificados de advérbios de exclusão, de inclusão e os advérbios oracionais.

Exemplo 1:
"Tudo na vida engana, até a glória."
Observem que a palavra "até", normalmente classificada como preposição, com valor semântico de aproximação a um limite dado, não o tem nessa oração, mas, sim, o de inclusão.

Exemplo 2:
"Até eu fui barrada no baile."
A frase está absolutamente correta, apesar de jamais podermos, antes dos pronomes eu e tu, colocarmos quaisquer das preposições. Mas, no caso, a palavra "até" é uma palavra com valor de inclusão e não de preposição.

Exemplo 3:
"Desculpe-me... mas você está se sentindo mal?"( A. Abelaira, O Nariz de Cleópatra, 40 - Comédia em três atos, 1962)
Qual o valor de adversativo da palavra "mas"? Nenhum. "Mas" tem um valor semântico de articular a oração seguinte em determinada ocasião, onde se interpela alguém numa situação pouco confortável, portanto também sem valor aditivo.

Exemplo 4:
"Afinal, quem é que vai pagar por isso?"
Observem que o vocábulo "afinal" e a locução "é que" não tem qualquer papel sintático possível, não fazem papel de advérbios, uma vez que não modificam nem verbo, nem adjetivo nem outro advérbio, ou seja: são de dificílimas classificação. Por apresentarem valor semântico, muitos professores ensinam a exclusão como possibilidade de classificação. Nesse caso, a meu ver, estão desprezando um valioso aspecto de construção morfossintático de nossa língua, importante muitas vezes à compreensão do texto. Particularmente concordo com professor Adriano Gama Kury, quando diz do aspecto perverso de exigirmos dos alunos, ainda que "concursandos", problemas da língua, que sequer são unanimidade entre nossos grandes gramáticos. O que aconselho aos meus alunos é aprenderem e bem entenderem os conceitos e as classificações morfossintáticas, isto é, as classes e seus possíveis papéis sintáticos.

Veja os outros posts da série:
"Eis que e Tomara que"
"Termos Vicários"

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Acordo Ortográfico em quadrinhos - Trema

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Tirinha de Orlandeli

Veja a nova regra completa:
"O trema está extinto no U pronunciado dos encontros GUE, GUI, QUE e QUI. Só é admitido em palavras estrangeiras e derivadas".

Exemplos de extinção do trema: linguístico / cinquenta / frequentar / pinguim / enxágue

Exemplos de manutenção do trema: Müller / mülleriano / Bündchen

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Tropeçando nas palavras I

Existem diversas palavras que causam dúvida e - por vezes - embaraço em quem deseja utilizá-las. Não raro pessoas até com bom conhecimento da língua portuguesa cometem enganos fáceis de serem evitados com uma boa - e definitiva - consulta ao dicionário. Mas, para facilitar um pouco, elencamos algumas destas "palavras tropeço".

  • O grama e A grama - fácil de gravar: a grama é de fato uma espécie vegetal e portanto é possível "deitar nA grama" ou, não é possível, quando existe a plaquinha "não pise nA grama" em um jardim. Já o grama é uma unidade de medida. Logo, compramos no supermercado "duzentOs gramas de queijo. Não é possível adquirir "duzentAs gramas" de nada nas lojas pois, em geral, só encontramos A grama em jardins.

  • A lista e a listra - você pode ser uma pessoa que está no rol das dez mais elegantes e portanto você está na lista das dez mais elegantes. Se você usa roupas com listras para ficar mais esbelta, você usa os listrados para deixá-la mais bonita. Em nenhuma hipótese você poderá usar listas para se vestir (a menos que haja um tecido onde a estampa seja de listas!), mas poderá escolher diversos tipos de listras em suas roupas, sapatos e bolsas.

  • O bucho e o buxo - o bucho em uma palavra significa estômago. Tem significado claro também no supermercado: trata-se de um tipo de carne, muito feia inclusive. O bucho também pode ser usado como sinônimo de barriga, abdômem e ventre. Em caráter pejorativo designa uma mulher feia. Ou seja: bucho, com ch, tem algo a ver com uma coisa feiosa, de um modo geral. Já o buxo é uma delicada e bela espécie vegetal que pode inclusive ser podada em diversas formas, ficando ainda mais agradável ao olhar. Há muitos "buxinhos" distribuídos em belos jardins europeus e eles ficam lindos em diversas situações. Portanto, meninos, vocês já sabem: se quiserem elogiar uma mulher podem chamá-la de buxo! Deste que seja com X...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Acordo Ortográfico em quadrinhos

Um dos grandes cartunistas de nosso país, o paulista Orlandeli, soube verter para as tirinhas cômicas o acordo ortográfico de 1990, que está entrando em vigor aos poucos em nosso país e em vários outros. Temos um post bem completo aqui com as regras do acordo mas, a partir de hoje vamos publicar algumas delas acompanhando o humor do premiado cartunista. Veja essa:

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Melhor que depender de um novo corretor ortográfico, é aprender e usar as novas regras, concordam?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Renovando seu português


"... os dados que foi inserido no site..."
Versão correta (concordar "dados" com o verbo "ser"): "...os dados que foram inseridos no site..."

"Em caso de vendas que envolva um valor alto..."
Versão correta (concordar "vendas" com o verbo "envolver"): "Em caso de vendas que envolvam um valor alto..."

"...ou até os que você usa de vez enquando na praia."
Versão correta: a palavra "enquando" não existe, mas sim a locução adverbial de tempo "de vez em quando" que seria a correta para a frase.

Estes pequenos trechos foram retirados de textos sérios publicados na internet. São erros gritantes que poderiam ser evitados pelos profissionais que os redigiram caso houvesse uma preocupação em manter atualizados seus conhecimentos da língua portuguesa. Erros como estes comprometem a credibilidade dos textos, acredite.

Muitos profissionais que lidam com a redação de textos no dia a dia em seu trabalho às vezes precisam de uma reciclagem ou uma orientação sobre o que mudou - ou o que vai mudar em breve - em nossa língua. A nova ortografia acordada em 1990 está aí para mostrar que a língua é viva e que precisamos de constante atualização. Se escrever é uma das atividades mais comuns em seu dia a dia de trabalho, já deve ter atentado para as mudanças, mas nosso curso pode ajudá-lo a rever este e outros temas da língua portuguesa que, por vezes, causam dúvida e, não raro, levam a erros comuns que poderiam ser evitados.

Nossa atualização gramatical envolve tópicos importantes da língua portuguesa, tais como ortografia, acentuação, conectivos (preposições e conjunções), pontuação, concordância e regência verbal e nominal, crase, para destacar apenas alguns temas. Aulas práticas com exercícios e redação de textos são a forma mais fácil para que você entenda suas dificuldades e possa detectar e corrigir seus erros com maior facilidade. Consulte-nos para saber mais a respeito.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Uma grande controvérsia: "a nível de"

Segundo o Professor Domício Proença Filho em seu "Por Dentro das Palavras da Nossa Língua Portuguesa", alguns estudiosos condenam a expressão "a nível de" , talvez por tratar-se de um galicismo - isto é, uma expressão com origem na língua francesa - quando usada com o significado de "em termos de". No entanto, o autor ressalva que "ao nível de" e "no nível de", são expressões consideradas adequadas quando significam "à mesma altura de" ou "no mesmo plano de". Veja alguns exemplos deste segundo caso:
  • "A maré esteve alta, a nível do calçadão da orla."
  • "Seus títulos estão a nível de qualquer outro doutorando."

O prestigioso Mestre cita também a opinião do filólogo e linguista Sílvio Elia, que entende, ao contrário, que, "a nível de", com o sentido indicado, é aceitável. Veja o exemplo dado por ele:

"Esta é uma questão a ser resolvida a nível de chefes de Estado."

Segundo Elia, a condição de galicismo não é bastante para a condenação apontada, na medida em que a expressão se impõe ao uso. A opção passa ser, portanto, do usuário da língua.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Não vacile entre conSerto e conCerto


Não perca o espetáculo que é um conCerto só porque você tem que fazer um conSerto em seu carro!

Deu para perceber?A palavra "concerto" deriva de "concertar na acepção de "fazer soar", "harmonizar", "pôr em ordem", que é oriundo do latim concertare - que significa discutir ou disputar.

Já a palavra "conserto" vem, por derivação regressiva, de consertar, oriundo do latim consertare, que significa "pôr em boas condições o que estava estragado". A derivação regressiva é o processo de formação de palavras que cria termos por analogia, com supressão do sufixo.

Fonte: "Por Dentro Das Palavras Da Nossa Língua Portuguesa"
Domício Proença Filho